quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Alguma coisa sobre a falta



Saudade é uma imaginação ousada, roça no meu rosto imitando a sua barba. Arrepia a minha nuca com a língua que me falta. E falta tanto que a minha espera transborda. Meu corpo arrepiado precipita o seu beijo, é a saudade repassando o caminho por onde você já esteve e ela só não me mata porque promete morrer, na rendição o homicídio doloso.

Sou como o copo sujo de leite, que tem a borda marcada pela linha branca, meu corpo é da sua medida: seco até a borda, cheio de sede. Sou qualquer coisa desesperada e aflita que se entrega às lembranças das mãos e do beijo denunciando o desejo infinito. Essa urgência infantil que me faz caminhar do frio ao fogo olhando a noite quieta, que adormece às preces prometendo o dia seguinte. O sol nasce longe e esse silêncio que perpetua inconveniente. Dizem que o mergulho num abraço fundo deve ser contido quando estampado na face, mas como disfarçar a morte da saudade? Como ler e reler um livro e não ansiar pelas páginas seguintes?

Meu exagero está do lado de dentro, o que escapa de mim são meus olhos perdidos te fitando, são os calafrios dos seus "quase- toques" na madrugada inconsciente, são as palavras que digo e em seguida disfarço desajeitada. E é só quando encontro seus braços que busco, cheia de fome, reafirmar suas mãos. Assassinamos a saudade entre beijos afoitos e apertões famintos.

Não existe crime, existe eu e você.

7 comentários:

  1. Ah, meu... você tem o dom de escrever sempre exatamente o que eu to vivendo! como vc consegue?
    não tenho nem o q acrescentar a isto. é extamente assim q acontece.

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  2. Sério, cada linha que eu lia, sentia tudo o que era descrito. Vc realmente tem um dom não só pra escrever, mas como tb passa sentimentos e sensações que mexem com o leitor.

    Grande beijo!
    Parabéns!!!

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  3. Caramba,você escreve demaaais,como consegue?²
    Me encantei com os textos.
    Parabéns mesmo.

    Beijos e sucesso! ( :

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  4. Sim, você escreve o que eu to vivendo também! É incrivel! Acho que eu, você e a Picles deveriamos escrever um livro juntas. Seria dolorido e feminino!

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  5. eu queria ter escrito isso: "Sou como o copo sujo de leite, que tem a borda marcada pela linha branca, meu corpo é da sua medida: seco até a borda, cheio de sede. "
    Coisa linda!

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