segunda-feira, 26 de abril de 2010

Obra única

O frio fazia tremer as pernas e os braços, ingênuos membros. Ao deitar tudo era único. O momento e as paredes, aquela cor em penumbra, os lençóis guardados e predestinados a nos acolher. Foi tão estranho aquele dia, o mundo não havia parado mas rodava solto em volta da história que eu construía, que nós tecemos parte por parte. Girava tudo ao redor, feito embriaguez certa, fruto do tinto e tantas taças derramadas calor a dentro.
A avidez do olhar, trabalhando junto com as mãos, oras de pincel, oras de lápis que rabisca um traço a procura do desenho, não deixava dúvidas sobre a arte final. O quadro clamava pela pintura, suplicando que fosse sutil na escolha de cada cor, harmonizados estavam: quadro, artista e tinta. O vinho fez dizer mais do que o planejado, mas não mais do que sentia. Foi num balanço de marinheiro, num caminhar de velho moço, num amor feito de flor...a menina calou _ _ _ _ _
A alma acelerou fundo no peito inflado e vazio, inflado e vazio. A sorte a solta pelos campos de verdades e mentiras, havia enfim se cumprido e um riso frouxo escapou da boca seca, alma limpa e o corpo já não mais tímido.

domingo, 18 de abril de 2010

Todo dia 17 de abril

"Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes, mas você está vivo e essa vida é pra ser mostrada. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra, por mais que se perca no caminho."
Cazuza

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Você


Quero oferecer-te versos,
os melhores que eu puder pintar.
Em coro,
eu quero sonar teu nome
já grudado na minha saudade.
Quero as flores secas,
desabrochadas,
vivendo pelo teu sorriso torto.
Quero o meu querer
afoito e atrevido,
o que nunca foi vivido.
Carinho.
Meu olfato é do seu cheiro
meu beijo é do teu gosto
meu corpo da tua mão
meu querer,
você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

latrocínio

Saborear,
divertir-se e disfarçar,
a pele roçar,
o pescoço torcer.

Mãos suadas e frias,
peito quente e latente.
Sugando com os olhos
o calor que vicia.

Segura, vestida
imaginação despida,
intimando,
trazendo, levando.

Sorte a solta
na esquina apressada,
como o vestido esvoaçado,
inquieto no corpo de menina.

Esse encanto no canto
do perigo instante
suado, pesado,
assassino,

leva mentes ao rompante
da razão emocionante,
da mordida proibida
dada pelo suicida.

O corpo estirado.
suspiro pesado
sem volta ao ato,
desatado o laço.

Na solução dos corpos
o alívio do pecado
certeiro,
previsto e consumado.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ser gente

Quando o mar não faz mais tanta força para chegar até minhas pernas, quando ser gentil virou sinônimo de compaixão, quando a poesia dói no peito como choro preso da covardia, a vida cala com expressão de sermão, puxão de orelha...É um sinal que viver é caminho certo (ou acertado), desde a maternidade e o primeiro choro. "¹Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve (...)".
Procuro me agarrar ao passado tentando não perder a segurança já que o presente é sempre tão cansativo. O presente é a tarefa árdua e ao mesmo tempo pode ser o prazer único. Lá de longe vejo o futuro, tão charmoso sempre sedutor.
Vida, eu estou chegando...



¹- Escrito por Cazuza.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

MERDA!

Primeira vez participando do festival e o friozinho na barriga não me deixa.
Amanhã estarei no elendo do espetáculo Os Melhores Anos de Nossas Vidas, abrindo o Festival de Teatro do Rio de Janeiro, com platéia cheia entre parentes, amigos e um júri de olho no conjunto da obra.

Desejo a todos nós, MERDA!

Para quem quiser dar uma olhada na programação:
http://www.teatrogtt.com/programacao.html