quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um dia no amor



Como se não soubéssemos
que são quatro olhos e duas bocas,
encaramo-nos.
E na sua boca tem minha vontade,
nos seus olhos sua fome,
me come.
Dentro de um silêncio
mantra,
uma paz que eu não sei rezar,
perdoai-vos eles não sabem o que fazem

e por não saber
vemos,
cheiramos,
lambemos,
beijamos,
mordemos,
sentimos,
e até sofremos.




Ouvindo Rosa - Devendra Banhart

domingo, 23 de outubro de 2011

O pão nosso de cada dia nos dai hoje

Escrevo não por gula, é com o vazio de uma fome. O pensamento vai tomando, comendo as linhas. Estive (estou) enfastiada, mas mais tarde virá outra fome e sempre virá a fome. Amém.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sendo

...e mesmo passando dias do ano que não acaba nunca mais, existe uma proteção prudente de minha parte quanto ao o desânimo fatigante que tenho sentido, ocorre que essa coisa é tão profunda, como um buraco sem fim de uma ferida aberta, que eu não posso com ela. O cansaço portanto, é a própria prudência de não me deixar ir além e ver o chão dessa ferida. Prefiro desconhecer tal horror, mesmo que o espelho tenha a minha cara. Entre tantas pessoas de narizes em pé - um cansaço infinito de ser muitas vezes "obrigada" a trocar palavras com elas, entre o ônibus que quando você quer e precisa, ele nunca passa e desfilam na sua frente os que você não quer e não precisa, entre o dinheiro, a conta bancária as dividas somadas aos sonhos e o resultado que diminui, reduz e até anula meus planos, um cansaço. Mas me canso pra me manter viva. É isso? não sei...não sei...