sexta-feira, 29 de junho de 2012

Do verbo ser

que me dá tanto dessa tranquilidade
se enerva em desóbvio
amolece em estalos
nunca vou te contar
por onde vou nua nas ruas
em cada ponta do cabelo
quando percorro a avenida
quando atravesso os sinais
caminhando sem voz
somente o ar de “sou vento”
capaz do seu nome jamais gritar
pegar o “tão” e guardar
que é tarde
todo mundo já sabe
é uma mulher a andar

sábado, 16 de junho de 2012

Me belisca

Ou uma lista de mudanças a serem tomadas ou qualquer coisa que se deva para uma vida melhor. Dessa forma. Antes fossem opções, o que parece é que são grandes rochas, tantas, todas, imponentes. É só olhar a rua, o Rio de Janeiro, um desespero sorridente, de boca treinada. Não tem estopim, do tudo ao nada; o vácuo de viver sem algo que...não é um estado de inércia e, por si só, não gera empenho para explicar, pois aqui está tudo cristalino e cristalizado. Se tivesse cor seria branco, se fosse alguém, não existiria. Ficam então as opções, inteiras e intactas, as palavras "é isso e ponto". Surge como um dos devaneios mais certos de uma vida? De repente tudo é tão conclusivo que mata. O que chega é rapidamente compactado por ideias acumuladas, antigas, conceitos longinquamente construídos ao suor de quem muito já acreditou. Não tem mais aquele prazer que é sofrer por falta de respostas. O prazer tortuoso, arder por não querer as coisas ou foguear por ardentemente querer. Há somente o esforço viciado do óbvio. Vivendo agora em reza. Nem simples nem complicado, irônico.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Exageradamente simples


Sobre meu colo uma parte do corpo me deixando inteira borbulhante, em partículas tontas. Nesse momento já não são palavras e o peso leve, afundante. Eu tenho um medo enorme de te estragar mas não pare de se afundar sem aviso no meu pescoço, nunca.
Me preocupo com a nossa saúde, pois da minha parte rolam tempos que azedo, enquanto você só quer a paz, parece que carrega a segurança de um rei. Quando doce, acho isso tão lindo e certo quanto sei que essa “paz” é atordoadamente o que sempre desejei. Todas as coisas do mundo que sonhei concentradas em um único corpo, e com defeitos! O quão real é...(já disse, saber o que fazer com o punhado de felicidade na mão, alcançado, eu rio porque não faço a menor ideia. É tudo mentira que tenho resposta pra tudo, aliás também disso rio, não sei de onde tirou essa loucura).
Como faço com os ciclos que me afetam e eu no mundo saio fazendo estrago, louca, mulher, desvanecida? Mesmo que eu não saiba, até nessas horas estamos os dois muitos simples: “ele é um homem e eu sou apenas uma mulher”, é tudo só isso.


(das coisas que me diz Cazuza)