quarta-feira, 25 de maio de 2011

Antes e depois de um ponto final

Mudou o pano de fundo da minha máquina que eu queria que fosse de escrever, e até é. Mudou a parede do meu quarto que antes era branca, hoje tem um quadro feio pendurado, mas que eu acho bonito, uma bobagem, uma besteirinha que me custou alguns trocados mal dados e doídos - tem coisas que não mudam. Mudaram os móveis de lugar, cada mês tem um novo canto do mesmo que durmo (e ainda penso muito antes de dormir, tanto que acabo dormindo). Mudou a minha carteira, ganhei uma nova, assadeira, o pão queimou, a geladeira tem muitos gostos de queijos, favoritos, as páginas que eu leio quase todos os dias - e nunca são os mesmos. Por falar nisso, é inverno mas eu queria verão eterno, a pulseira de “alguma coisa do Bonfim” que não desata, todos os meus problemas que nascem e morrem de um jeito que eu não queria, se tivesse documento, estaria lá o meu retrato, uma foto meio assim “quase sorriso”. Mudei meu colo por Ave Maria, cheia de graça tirei do pescoço, o que não deveria ter feito pois esqueci em cima de uma cama suja, fiquei nua. Mudei de número, de casa, mudei, hoje faço charme pra alguém com barba e acho isso a coisa mais linda que me aconteceu nos últimos tempos. Cada segundo de vida muda alguma coisa, mesmo que eu nem queira, e muda tanto que até eu mudei - alguns impulsos, por pulso firme, e dilatado. Troquei a fechadura, tudo por necessidade de vida. Mas uma imagem tem o mesmo gosto de outono, porque outono foi “sua” última estação.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

(não) sendo


Sem poesia estou num buraco  
Sem poesia é escuro  
Sem poesia é frio,  
Sem poesia, vazio  
Com poesia o buraco sou eu.

terça-feira, 3 de maio de 2011