segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Em boca fechada não entra mosca





Certas vezes me calei dizendo algo. Poucas foram as vezes que não falei com a intenção exata de não dizer. Será que fui compreendida? Estou pensando em reunir todas as minhas falas, ditas ou silenciadas e embrulhar numa caixa bem grande, com laço exagerado de fita numa cor bem chamativa e dar de presente, assim, no maior descaramento. Quem sabe a curiosidade e o carinho no ego façam com que minhas palavras sejam lidas. Mas muita coisa nem viveu, perdeu o sentido, ficou atrasada. As palavras também morrem e com elas um pouquinho de nós mesmos. O sonho de todo monólogo é virar um diálogo, uma conversa e nem sempre esse sonho se realiza.
Talvez eu deva não dizer mais. Calar-me para sempre. Passei alguns dias recolhida aos meus segredos, fiz questão de construir cada um deles, guardá-los bem seguro dentro de uma capa qualquer que servisse. Foi bom enquanto durou.


Acho que estou morrendo um pouquinho.














4 comentários:

  1. Nossa, nunca tinha visto por esse lado... a gente vive escrevendo monólogos, à espera de que determinadas pessoas leiam. Mas nem sempre ocorre um diálogo...
    sina.

    ResponderExcluir
  2. Vc tem o dom de fazer as suas palavras virarem música. Sei que são tristes dizeres, e bastante profundos, eu diria... Mas são coisas que, ainda que de um modo que vc não quisesse, passaram uma mensagem. É o tipo "Ah! Se vc entendesse todas as verdade que eu insisto em te dizer brincando". Vc não está brincando nesse curto texto, mas procurou dizer verdades que as pessoas não se cansam de não entenderem.

    Beijos!!

    ResponderExcluir
  3. "O sonho de todo monólogo é virar um diálogo" que coisa mais lindaaaaaaaaaaaaaaa!
    nunca me esquecerei dessa frase...
    (então acho que de certa forma voce alcançou um diálogo)

    ResponderExcluir