quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Escrevendo amor

Como uma uva doce. Como um vento menino, balançando os fios de cabelo em testas desconhecidas. Como o nervosismo que acelera, vira tempestade e despenteia árvores a fora, mostrando o que é antes de tornar-se. No seu melhor traje: desprevenido; desarrumado; em pés desajeitados; cabelos sem direção; quase um animal no seu mais belo perfil fotogênico. Aquilo que nem o próprio conhece, nenhum espelho revela. Como uma boca que morna feito o rio pra molhar o corpo estranho, recebe e abraça, faz-se seu dizendo “meu”. A insistência em abrigar no mesmo lugar os dois inteiros, feito duas metades sem matemática. Como quem fareja o sal pensando se doce será. Como quem não sabe, como quem descobre, como a fome que te mata, morrem dois num só gemido. Como se estivesse escrito, como se estivesse lendo. Decifra-se.

3 comentários:

  1. Falar de amor é tão legal, né?! Ainda mais colocando esse tom que você sempre imprime aos seus textos, que os tornam doces, sem serem melosos demais. Tudo tem sempre uma pitadinha saborosa de pimenta.

    Mais um parabéns pra ti, moça!

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  2. belíssimo!

    quanto ao post meu....tudo aquilo, tá bom, né?

    beijos, beijos!

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