quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dor de iniciante


Não me sinto inteligente nesse ponto. Talvez em outro. Não sei dizer qual. Mas me veio a cabeça umas coisas que, parada com cara de pensativa, me pareceu uma revelação importante, dessas que pessoas inteligentes devem ter com freqüência, mais intensa do que a minha ralentada percepção do mundo ou “meu mundo”.
É quase fisiológica a maneira de pensar, digo na minha humilde e rara “revelação”. O pensamento é como o trajeto do sangue no corpo, um caminho acostumado que faz uma fenda, essas vias chamadas de veias. Sempre passando por aquele mesmo lugar, cada vez mais marcado, viciado. Acho que é isso que dizem, que o ser humano só usa dez por cento do cérebro e disso eu posso falar. Como agora, ao ter essa, "iluminação", que na verdade não passa de alguns minutos com cara de paisagem olhando pro nada, pensei no quanto não vejo, não entendo, não dou atenção, em quantas coisas devo ignorar a existência e portanto fazer inexistentes noventa por cento delas, simplesmente. Quantas vezes devo sofrer por invenções minhas, egoísmos vestidos de verdade, verdades vestidas com peças únicas e exclusivas. Sofro, (e essa parte é preferível que quem esteja lendo interprete como mera invenção de texto fictício), de ciúme, de inconformidade, irritação e ansiedade. E ando desconfiando que em quase todas as vezes isso tenha causa mentirosa, dessas de auto-sabotagem, culpa de um pensamento vicioso. É tentador pensar pelo mesmo caminho que se está acostumado, pelas veias dos defeitos e medos, por isso me parece que tem um fundo de verdade minha teoria, que eu esteja mesmo sofrendo por conta de uma nebulosa nascida e criada por mim mesma, sou mãe da minha própria confusão. E como toda mãe, em algum momento teria que me sentir culpada, pensar “onde foi que eu errei?”. Apesar de ser (e estar) propensa a enlouquecer, me ocorre aceitar essa dose forte de consciência e finalmente ficar tranqüila, não dramatizar ou me esgotar em mil palavras, apenas sorrir, correr pra bem longe largar tudo chorar doer...de novo os dez por cento.
A vida me dá fatos e eu rapidamente, ainda que sem eles, agarro minhas interpretações, ah essa minha euforia a frente de qualquer outra coisa que venha a ter. Não perco nenhuma viagem, não dispenso nenhum dos meus pensamentos ou me agarro na minha zona de conforto digamos do mesmo jeito que me sinto segura na minha cama cheirosa e gostosa, porque eu tô no mundo pela primeira vez e tudo é último.


Ritmo: Fake Plastic Trees - Radiohead


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