quinta-feira, 10 de março de 2011

Morrer na praia



Eis aqui um corpo. Esse corpo que um dia foi mais obscuro e de tão, era rasgo no pano branco – denunciava o que ficava por baixo. Pele? Muito mais, era só o primeiro quilômetro dela. Este corpo que com o seu “a mais”, comia os textos evidenciando a sua agonia de corpo flagelado.  
Ah, o corpo que foi um dia... tocado tantas e tantas vezes como por uma criança que cutuca umas cem vezes o mesmo peixe saltitante na praia e toma sustos com os saltos do animal. Um dia se acostuma e não tem mais novidade as cutucadas, nem a criança acha diferente os mesmos pulos, o animal cansado anunciando o fim, ainda nas mesmas manobras. Mas a criança ama o peixe e essa é a primeira incoerência que um iniciante pode ter na vida.  
Virara uma coisa só os muitos rasgos. Já pasmo, um corpo sem objetivo que um corpo deve ter. Como designar a si mesmo? pois como se constituir um corpo que rígido é uma coisa só? Implorando pelo peixe, implorando que a criança arrumasse outra forma de instigar seus pulos que poderiam ser manobras nunca feitas. O corpo que não é descoberto mais. Eis aqui um corpo na areia da praia. Sem sombra do que poderia ser, sem alguém que não desvie o olhar do que ele é e do seu tempo futuro, que talvez nem chegue.

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