terça-feira, 15 de março de 2011

Meu atalho de cada dia


Vocês me deram "tchau" e saíram sem nenhuma sacola pois isso eu não poderia permitir. O que conseguiram arrancar daqui, foi. Nem devolver vocês devolvem. Estamos quites. As minhas cartas tinham trilha sonora, não sou letrista mas cada uma era uma letra e tinha uma melodia Cat Power - não importa, e nem nunca importou, se vocês não sabiam disso. Eu continuaria escrevendo pra vocês e dando tudo o que eu chamo de “mel”: minhas pernas e braços e olhos, minha boca sorrindo um riso de final de clipe – quando o flerte é divertido e faz cócegas. Só que todo mel no fim azeda ou todo fim azeda o mel, também isso não faz mal. Vocês agora devem lembrar de mim numa figura que eu até imagino, o que não imaginam é que um mosquito picou minha perna e desde então eu estou coçando cada vez com mais força o que vem formando um machucado horrível para pôr vestidos – eu sei, eu podia controlar isso, mas vocês também já tiveram coceira. Portanto não me julguem, não me imaginem, não tirem das minhas cartas o que eu não escrevi nelas. Eu não sou o que vocês imaginam. Amém.

7 comentários:

  1. Pois é.
    Dá vontade de mandar esta carta pra cada passado. Será que eles vão ler como se fosse nós? vão ler com o presente ou o passado?
    Seria melhor se fossem números. Números não permitem interpretações.
    Em vez de mandar cartas, da próxima vez vou mandar a conta.

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  2. Tenho certeza que vocë sempre é muito mais.

    T.

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  3. Texto lindo, Mayara!
    Escrito com a alma!
    Gostei demais...
    Abraço, preenchido de gratidão pela sua presença no meu modesto espaço!

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  4. Sim...ainda no hiato criativo,estou preocupada.
    Nem comentários decentes eu consigo escrever,mas estou sempre por aqui.

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  5. "Portanto não me julguem, não me imaginem..."

    Nada mais, adorei.

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  6. Nada mais frustrante do que não ser compreendida, adorei.

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  7. Coçar é bom que nem pecar. Dane-se se depois dói. Amém.

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