segunda-feira, 17 de maio de 2010

Branco papel,


São meia-noite e olho para o papel em branco. Talvez eu queira lhe contar algo, talvez ele queira me mostrar algo. Talvez esse infinito que me invadiu queira de mim algumas palavras e frases, na verdade toda a intensidade de meu corpo, dos desejos e da alma. Só sei que são meia-noite. E toda noite é um encanto diferente que me invade, feito sede de contar ao nada, este que me acompanha, todas as minhas histórias e revive-las em apenas m-e-i-a-n-o-i-t-e. Quero rasgar o papel, come-lo com a fome de meus dias sofridos, cortar em pedacinhos do mesmo jeito como a vida se apresenta, depois gostaria de colar parte por parte para descobrir o segredo do todo. Sinto gritando em mim, uma vontade voraz de contar a ele, (o papel), que sua cor me incomoda e que seus espaços vazios eu quero preencher, como os momentos me preenchem e invadem e percorrem meu corpo deixando mente e sentimentos misturados, feito alimento deglutido. A noite cada vez mais silenciosa, agora briga com meu burburinho. Já não há organização para o que sinto, nem cumplicidade a oferecer, nem lamurias para contar. Aqui, um tanto de sorte abraçada na coragem que o papel em branco ficaria vermelho, emcabulado e sem forma.

Branco papel, tão acostumado com palavras, frases, sentidos e formas gramaticais, o que tenho dentro de mim é grande demais para o seu formato quadrado - que seja, retangular. Não encontro palavras para exprimir esse burburinho. Agora já passa da meia-noite e conforme ela se completa para virar noite-inteira, eu não te preenchi se quer com uma letrinha.

3 comentários:

  1. Quando entramos no seu blog, sentimos que o desaguar das palavras são límpidas.

    Espero não perder contato, viu?

    Beijo imenso, menina linda.

    Rebeca

    -

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  2. Mayara, vc tem, sinceramente, um dom, de nos fazer penetrar em cada linha poética que seu texto nos proporciona. É possível visualizar os universo que vc cria. Eu não sei se consigo fazer isso lá no meu blog, mas admiro muito vc por conseguir essa façanha!!

    To inebriado pelo seu texto!!!
    Parabéns.

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