Havia oferecido um pouco de si ao próximo. Ingênua, não saberia que o pouco, dado a alguém, é muito de si. Qualquer pouco que se dê é bastante, é tanto, é tudo. E sobre isso, poderia passar linhas e linhas falando num tempo que não acabaria nunca: a porcentagem que se oferece e que dá erro no cálculo final. Lembrava dos cabelos negros, do perfume forte que causava irritação nas narinas. Tudo isso misturado dava-lhe náuseas descompassadas entre “foi bom” e “foi ruim”. Cultivava certa raiva daquele tempo e, inevitavelmente, ocorria-lhe a sensação de ter perdido um pouco de sua vida – apesar de saber da ignorância que seria maquiar as cicatrizes do seu corpo. Os risos, a descoberta limitada pelo destino – ela que nem sabe escrever uma carta, falando em destino. Alguém escreveu que “não”, feito uma mão que fez força contrária a direção que ela insistia, cansou a Maria. Depois que veio a distância, e só depois que veio a distância, a mão sumiu. E lá se foi o número de vezes tentando, e lá se foi o “um milhão”, ficara só o zero. Um zero à esquerda, pra começar tudo outra vez.
uma belíssima dança com as palavras, dona mayara a.
ResponderExcluirBom Dia!! Seu blog é muito bonito e cheio de sensibilidade, com certeza voltarei aqui várias vezes. Parabéns. E agradeço a visita que fez ao meu.
ResponderExcluirQuanto ao texto, Maria é como várias por aí, sempre tendo que recomeçar.
BeijooO*
magnífico, adorei!
ResponderExcluiracho que passou minha fase pessimista.
ResponderExcluirposso dizer que levara vida do zero agora é uma meta. =)
Que bonito isso. Mesmo sendo triste.
ResponderExcluirMayara! Não entendo sobre isso, mas acharia ótimo se meu tal elemento fosse mesmo o fogo. Fico feliz que tenha gostado dos meus textos. Dos teus, nem preciso dizer: amei. Alma de atriz!
ResponderExcluirUm beijo.