quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Quando te beijo
Desde a primeira vez fechei os olhos. Ninguém alerta o outro, “feche os olhos”, mas todos fecham.
Fecho os olhos quando procuro a inconsciência de meus pensamentos, o descanso necessário do corpo. Fecho os olhos quando a tristeza incomoda como uma farpa difícil de arranjar jeito para me livrar. Esfrego-os como se quisesse arrancar através deles, todas as farpas incrustadas que estão a me incomodar.
Escrever geralmente tem me dado a sensação dos olhos repousos: o escuro caminho por onde passam os pensamentos, é no breu que se tateia. Eu tateio palavras.
Mas os olhos, fielmente fechados – sem nenhuma poética, fechados, nos dão a possibilidade de descobrir o vulto que passou deixando um rastro de perfume, desvendar as cores sem saber que são cores. Dentro de olhos fechados, encontram-se todos os tempos: passado, presente e futuro e em lugar nenhum mais. É quando viajamos pelo desconhecido, quando pretende-se “ver” com os olhos das mãos, do nariz, da boca – Sou toda olhos. Na verdade, penso que Deus nos deu esses dois globos porque somos curiosos. Ficamos mal acostumados. A sorte é que o corpo é exigente e toda vez que deseja “ver”
ele fecha os olhos.
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e dentro dos olhos se mergulha num escrito só seu.
ResponderExcluirótimo, dona mayara.
Que maravilhoso, encantador!
ResponderExcluirMuito bom!
lindo demais!
ResponderExcluiruma escuridão acalentadora dessa vez
Post muito bonito.
ResponderExcluirAgora sigo seu blog ;-)
Quando quiser, à vontade: http://palavrasproferidas.blogspot.com/2010/10/uma-confissao-mais.html
Abraços