Tinha o cabelo liso e a vontade crespa. Tinha dois olhos pretos e muitos sonhos azuis. Sabia pouco sobre meninos e viajava muito. Escutava milhares de discos mas só gostava mesmo de alguns. A família é toda gorda e a menina era bem magrinha. Eram frequentes os encontros entre família até que passaram a guardar o estômago somente para os domingos. É sempre uma fartança grupal, além da ignorância grupal. Tinha a necessidade de escrever e a inspiração passageira. As vezes dormia entupida de palavras e noutras dormia vazia. Tinha por destino amar e como desatino Roberto. Por Roberto, tinha também os olhos frouxos, que soltavam água salgada quando não se entendiam. Ela podia gastar as horas pensando na vida. Era inteligente para arrumar “porquês” e nem sempre o mesmo para descobrir respostas. Sabia assobiar bem e chamava todos com a boca. Falava pouco e quando preciso muito. Tinha sede de entender e fome para viver. Era menina quando viva e lembrança quando...
Mas a cada dia nascem mais meninas.
Mas a cada dia nascem mais meninas.
uma lindeza!
ResponderExcluir"Tinha a necessidade de escrever e a inspiração passageira".
ResponderExcluirAssim, não sou mulher, mas essa frase reflete bem o q sou eu, com minha inspiração e criatividade.
Parabéns, moça!!
obrigada Mayara, tua escrita muito me agrada. estarei por aqui.
ResponderExcluirInfelizmente, eu acho que a cada dia existem menos meninas. A docilidade e ingenuidade estão sumindo da infância...
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