Rio, 17 de abril de 2012.
Você,
Tamanho medo que dá de sentir que alcança em mim uma parte que nem eu sabia, sobretudo por não conhecer. Não é o fato de ter alguém, é o fato de ter você. Também não é uma questão de medo exatamente ou talvez seja de um medo bom, como cócegas numa parte sensível de mim, (as vezes torturante).
Mas eu insisto comigo mesma (tenho manina de achar) que a parte "sombria" da vida é mais real e custo a acreditar que coisas boas assim existem. Por isso, me conhecendo e receando sobre as coisas boas, gostaria de controlar a dose certa, manter minhas próprias rédeas, numa cautela que julgo boa para minha própria saúde, me assegurando das tendências naturais, do exagero, impulsividade e outras características de quando gosto de alguém. Mas sentir ainda não é o tipo de coisa que consigo controlar (nesse caso, por sorte?). Afim de concluir algo mais racional e menos emocional, me engano que, em tal circunstância, a segurança de uma lógica ainda fosse possível e fico sem nada ou (apenas) com tudo. Até que me deparo inevitavelmente com"x" da questão, que é o que verdadeiramente importa entre duas pessoas: o que se sente pelo outro, que em mim se afirma no desejo que sinto de você. Isso foge a mim, volta, como consciência indiscreta, foge e volta, num movimento transgressor. E não tem a ver com romantismo, ou talvez tenha um pouco, mas mais ainda com uma realidade escancarada onde muitas vezes se apresenta a mim, numa agradável surpresa de uma lembrança "banal" do dia a dia, por exemplo. Que entre olhares, encontros e "eu ter você", vice e versa, existe uma coisa que eu chamaria de “manusear com os olhos”, num ato que eu poderia afirmar ser tão sensual quanto singelo visto daqui.
Diante de tudo, como marca indiscutível, me afeta em muitas áreas do sentir, fazendo tempestade; seja em metáforas ou com as próprias mãos, mas tudo com uma certa beleza que não posso negar que você me inspira. Contudo, tenho em mim a necessidade de esgotar as coisas, incluindo sentimentos, até agora, que me deparei com outro tipo de inspiração: que ao mesmo tempo se esvai e não quer que acabe. A isso, tenho chamado de amor e de fato amado, experimentado, indiscutivelmente vivido. Portanto, não posso concluir essa carta, para me manter, na medida do possível em certa coerência. Posto que tenho como característica mais forte que eu o esgotamento das minhas questões, uma excessão se destaca, muito mais fora do meu controle. Não vou me empenhar em achar um final para essa carta, pois não tenho pretensão em exaurir o assunto senão desfrutar do que é e vier.
como eu já sabia, me identifiquei de novo!
ResponderExcluirhavia um tempo que não passava por aqui.. tanto é que vim e fiquei.. fiquei..
ResponderExcluirque bom ler vc!