Um lugar, um espaço;
grande, pequeno, estreito, largo;
confortável, desconfortável;
agradável, desagradável;
luxuoso, simples...
Camarim.
Me propus a explicar a escolha do (novo) nome do blog. Da ideia veio o título e do título a ideia, sempre nesse percurso dialético, resolvi que este seria o melhor nome para o blog. Sem mais delongas, venho por meio desta expor a minha visão sobre o que significa para mim este espaço físico, porém mágico, "quarto de vestir".
Imagino que nos tempos da Grécia, onde as coisas caminhavam para uma oficialidade das artes dramáticas, um cara, provavelmente virginiano, resolveu que tinha de organizar aquele "espetáculo" de trocas de roupa e caracterização - afinal os homens é quem faziam os personagens femininos assim como qualquer outro que surgisse. Imagine você, como se dava essa caracterização? Camadas e mais camadas de pano, quilos e quilos de maquiagem para travestir os gregos de moças. Daí, o tal rapaz sistemático como todo bom virginiano, não deve ter aguentado viver naquele "mafuá" e determinou:
- é preciso que haja ordem! A partir do raiar do novo dia, não teremos mais tal bagunça, nos vestiremos no... (olhou para um lado, olhou para o outro e avistou um canto onde os raios de sol entravam pelas frestas da pedra que sustentava o comodo e de noite, as estrelas iluminavam audaciosamente, pelas mesmas frestas da manhã, o canto destinado aos atores)...Camarim! (gritou). O homem, havia dito qualquer palavra que veio em sua cabeça, assim como se o Deus do vinho, Dionísio, lhe tivesse soprado...camarim...em seus ouvidos.
A verdade, é que o nome era o que menos importava, o importante mesmo era a organização do local. Desde então, os atores se caracterizavam no Camarim e assim como qualquer prática e/ou pedacinho que compõe as artes dramáticas, o quarto de vestir em pouquíssimo tempo se tornou tão mágico quanto o palco. Dentro daquele minúsculo espaço que mal acomodava o elenco inteiro, acontecia a tão sagrada transformação: vestir o figurino, colocar a maquiagem...Onde o ator, passou a assistir de camarote (através do espelho), a revelação de seu personagem sob as luzes das estrelas ou dos raios de sol, estando assim, sempre iluminando.
Ok, tirando essa história fictícia que tenta ser verdade apenas na minha imaginação, o teatro é tão mágico que não existe rotina ou organização que não beba da sua magia. Mas chamo a atenção de você, é... você que está lendo esse "drama", a dramaticidade está presente na vida de qualquer um, ator ou não ator. Da mesma maneira que o Camarim dos teatros servem a nós atores como um lugar de caracterização, concentração e preparação, cada um de nós temos um Camarim cheios de instrumentos que nos ajudam antes de entrar no palco, seja ele qual for. As vezes pegamos o texto para não errar na hora de falar, noutras sentimos necessidade de nos olhar no espelho para retocar a "maquiagem", trocamos de roupa para ousar ou se esconder de alguém ou de nós mesmos ou até para não parecermos com o quem somos.
No dia a dia, fazemos de qualquer lugar o nosso Camarim improvisado, aprendemos a não nos apegar ao que temos em casa (o nosso quarto) e sempre que queremos nos preparar para "entrar em cena" olhamos para um lado...para o outro e o primeiro cantinho que nos chame a atenção, entramos e preparamos a nossa cena, arrumamos o figurino, revemos as falas, nos olhamos no espelho e pronto! Tudo certo para que o nosso roteiro, (afinal também somos autores), corra perfeitamente como queríamos. E como sabemos, é no camarim também, que nos despimos e tiramos tudo o que é do personagem para que o nosso rosto volte a ter a nossa cara e possamos voltar para casa com a sensação de que cumprimos o papel que a que nos submeteram ou que nós mesmos nos submetemos, isso tudo faz parte do show.
Por isso este espaço se chama CAMARIM, aqui é onde me preparo, me visto ou fico despida, de "cara limpa". Uso as palavras para fugir ou me aproximar de mim, tentando me distanciar ou me aproximar de um personagem antes de entrar em cena, seja da vida ou de um novo espetáculo. Mas também as utilizo para me desfazer de todos os elementos de cena quando eles já estão pesados em meus ombros, e quando isso acontece ao final do texto ou da poesia me vejo nua mas nem um pouco constrangida, afinal estou no meu camarim iluminada pelos raios de sol ou por estrelas no céu.
MEUS PARABÉNS... Vi que sua poesia, a que abriu o ano no Literatura Exposta, venceu o concurso de poesias da Gazeta dos Blogueiros... Fiquei muito feliz. Sinal que excolhi mesmo o melhor texto pra abrir o ano em meu blog... Parabéns, mais uma vez, de coração!!
ResponderExcluirOlá Mayara!!
ResponderExcluirVim "pessoalmente" lhe parabenizar pela vitória no concurso de poesias...e aproveitei para fuçar por aqui...muito bom, hein? Voltarei...
Parabéns!!