Sujei de lágrima o papel, desenhei em mim um rio transparente,
onde a pele do meu rosto era o fundo desse rio e escorregava
pensamentos barranco abaixo.
Eles são tão vivos que posso sentir o gosto salgado. Uso as mãos para enxugar o rosto . É assim que tenho me sentido, resgatando pensamentos que escorrem, o que tem me cansado bastante. As noites têm sido difíceis, e nos meus impulsos me vem por vezes o cheiro da fumaça do cigarro, o gosto da nicotina que eu posso sentir nítido na boca vazia, me faz preparar um café forte e fumar o café a tarde toda. Durante todo o tempo, as nuvens passam pela minha janela e eu abandonada no meu quarto, o olhar perdido na imagem que parece ser pintada para essas horas de angústias ou desejos de cigarro que respiram o ar limpo.
*(as vezes me embaralho com tantos lembretes espalhados por mim, consciente ou inconscientemente: tatuagens, grifos de mim; cordões que trazem a antiguidade pra perto, confundindo as pessoas de que tenho fé em santos; os olhos, sempre cheios de escritos e papéis, muitos papéis soltos, rasgados, grandes, amassados, dobrados em quatro).
Noutro dia, desamassava uma folha de papel e espreguiçava umas duas ou três vezes, como faço sem perceber, antes de começar algo, é um modo de esticar o corpo pois tenho ido para a vida carregando o peso de muitos rabiscos no papel - pode não parecer, mas um papel rabiscado pesa como ossos no corpo.
muito peso nesse texto, muito....que sejam rabiscos leves na próxima.
ResponderExcluircomo sempre é bom te ler.
Nossa, May, pra quem ficou tanto tempo sem escrever,, valeu à pena. Caprichou nesse, muito forte...
ResponderExcluirAdorei essa de fumar o café, é bem assim mesmo que a gente sente quando tá esperando agustiada por algo...