A Persistência da Memória - Salvador Dali |
Não me é dado esse poder de chegar lá, onde ninguém foi e teima em me dizer “só o tempo”. Não permiti ninguém mais, e com um pouco de dureza, nem a mim mesma tocar no presente que ele nos dá, embrulhado numa caixa grande, vermelha, o tal futuro. Então não me diga como será pois não lhe dei a chave para arrombar a porta de “lá” de longe. Uso o que tenho – O que tenho? Tenho é uma palavra forte como uma madeira, é um ponto final cravado. Tenho é na verdade os frutos do que já tive e que com esforço eu briguei para escolher cada cor de flor do meu jardim. Tenho. O que já foi, em forma de hoje vestido de agora com cheiro de antes. Tenho, o que sou. Não sou o que tenho e sim tenho o que sou. E é com essas mãos cheirando a antes, sendo o agora, que me aventuro a criar o restante das linhas disformes que, não me lembro porque, vejo a minha frente.
Crio soluções para esses traços soltos e até cor eu me atrevo a dar, preenchendo os brancos vazios a cada ponta de linha que encontra a outra. Coloco cores para não chorar e lembrar que é tudo muito frágil nesse tempo que eu pinto. Posso passar dias pintando e contornando, lembrando Salvador Dali. Não pela sua pintura, mas pelo humano semelhante. Eu tenho medo de chegar lá e desmoronar aquele castelo que eu desenhei, mas nada me garante que é um castelo. Só eu, que já estive no meu futuro, sei que aquelas linhas tinham tudo para ser um castelo.
realmente se vc souber o que vc quer saberá o que será do seu futuro. A grande pergunta é: existe alguem que saiba o que quer?
ResponderExcluirPra mim, a grende pergunta é: será o que a gente imagina?
ResponderExcluircastelos....sempre eles, de areia ou não.
ResponderExcluirhum, o vinho sim....esse combustível fatal.
e obrigado sempre pela visita, palavras e tudo mais.
Ahh... Eu consegui ver inclusive um grande amigo nas linhas que vc escreveu. É legal quando conseguimos juntar as coisas, e enxergar fisicamente o que é passado pra nossa imaginação.
ResponderExcluirBem legal mesmo! Amo seus textos, moça!!
Daí me disseram, que vestida de condessa a gente adentra os domínios de outro castelo. de lá não somos, nem pertencemos. Se ficamos é porque acreditamos em príncipes.
ResponderExcluirO teu perfil me interessou. O que você escreve, ainda mais.
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