segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sem nome

Um broto de gente. Infantil, inocente, iniciante.
Somente a sutileza lhe faria cócegas e lhe abriria as portas para a luz nova ou as luzes novas. O fato é que ela queria. Queria ter a terrível saudade, alimentar a terrível vontade, os dias descobrir e a vida desvendar.
Durante alguns anos, ouviu todos os cantos em diferentes sintonias que a fizeram ser o que se tornou e talvez o que não desejou. Em um dia qualquer de café sobre a mesa, bocejo e torradas com manteiga, ouviu um soprar novo. Tão sutil ele soou que ela, ao se deparar consigo, surpreendeu-se com uma imagem desajeitada e insegura, tão primária...tão distante do que havia construído como morada. Trocava de pose, arrumava os cabelos pequenos, crespos e pensava num jeito jovem de arrumar a vida, que não serviriam aquele canto que aumentava: a voz, o som o tom. A verdade é que zunia aos seus ouvidos desaprendidos e frágeis, o tal canto que canta o canto que encanta ao canto que foi. Foi ali, num canto tão minúsculo e solto no céu, que descobriu  uma outra vida que era sua e não se sabia.
Já não eram só cócegas nem tão sutil, era "fogo que arde sem se ver e ferida que dói e não se sente".

Um comentário:

  1. Eu sempre me emociono com esses seus ótimos textos... São curtos, mais cheios de uma sutil poesia, tão bela e tão encantadora que nos faz flutuar e sonhar por alguns instantes!!

    Mais uma vez, Parabéns!!

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